quinta-feira, 26 de abril de 2007

Loucura - Poema datado de Maio de 1948



Loucura

Ansiedade, é tudo quanto sinto.
O meu coração deseja só viver.
Quando a mim falo, parece-me que minto
Vejo que o meu destino hei-de esquecer.

Quando entro em mim, e vejo por instinto
Quanto já fui e quanto sou agora
Eu queria ser como já fui outrora
Raio de luz que agora vejo extinto.

Mas se ao destino tais causas vou buscar
A recompensa nem sempre me consola,
Antes atado a mim a ciciar
Sinto que me pesa esta cabeça tola.

Ora desvairo, ora, de génio um raio,
Me ilumina e me faz como antes era.
Já fui Outono, Inverno, Primavera,
Vede, leitores, em que abulia eu caio!

Ansiedade, é tudo quanto sinto
Revolta e medo, só do cruel destino
Porque ignoro, porque desatino
A tormenta em meu cérebro pressinto

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