quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A canção do menino órfão


Ma-mã, pa-pá!
É a canção de embalar
Que do berço trazemos a cantar
para cá, para lá;
É a canção
Que fica a vida inteira a soar
Que fica toda a vida a vibrar
Até ao coração;
Ao entardecer,
Como refrão sem melodia,
Como também acaba o dia,
vem a morrer;
E essa canção de embalar
Acaba como o dia
E, como a luz a tremer,
vem a acender
A lembrança da vida que passou
E não voltou;
E, como o dia acabou,
Acaba sempre na agonia
Do entardecer;
Menino órfão de pai, de mãe,
sozinho no ar que o encerra
sem nada que o prenda, ou quem,
à terra.

Lisboa, Natal de 1968

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

e os anos passam....

como se tudo acabasse por adquirir a normalidade da ausência.... mas nesta data não consigo nunca esquecer... a saudade do que existiu e do que não chegou a existir.... a ausência.... ritual de vida e morte.... aniversário da morte!