segunda-feira, 18 de junho de 2007

Alberto Lopes in





Júlio Alberto Lopes nasceu em São Romão, concelho de Resende, em 13 de Novembro de 1927, mas passou a infância em Masouco, concelho de Freixo de Espada-à-Cinta. Concluído o ensino primário, faz em 1936 o exame de admissão aos liceus, em Bragança, mas acabou por frequentar o Seminário de Vinhais. Durante pouco tempo, pois ainda antes de concluir o 1º ano desloca-se para Lisboa, onde completa no Colégio Moderno o 3º ano liceal. Em 1940 está de novo em Bragança, em cujo Liceu conclui o 6º ano e – após uma passagem pelo Liceu Passos Manuel, em Lisboa, pois entretanto viveu algum tempo no Estoril, em casa dos padrinhos – também o 7º ano de Românicas.Mas a atracção de Lisboa acabou por vencer e foi ali que passou o resto da vida.
Em 1950 – durante o serviço militar prestado em Mafra em 1950-1951 – casa com Dona Maria dos Prazeres Alves, professora do ensino primário, que lhe dá três filhos:
Alberto Manuel, Maria Luísa e José Júlio.Senhor de uma vasta cultura, Alberto Lopes desenvolveu uma actividade profissional diversificada. Exerceu o jornalismo no jornal Novidades, e depois n’ O Século (até 1960) e na RTP, de que foi redactor (1957) e também locutor (1960). Mas já desde 1951 que vinha colaborando com alguma regularidade no Mensageiro de Bragança, com artigos de carácter histórico, literário (sobretudo em torno de Trindade Coelho, escritor sobre o qual apresentou a sua tese de licenciatura em Filologia Românica) e de interesse local (Bragança e Freixo de Espada-à-Cinta). Colaborou ainda no Diário de Notícias, no boletim dos Amigos de Bragança, no Notícias de Trás-os-Montes e no Trasmontano (de Luanda). Foi também tradutor.
Paralelamente com esta actividade jornalística, e de alguma forma relacionado com ela, exerceu funções nos Serviços de Imprensa do SNI.
Após a conclusão da licenciatura em Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1965, dedica-se à docência nos Liceus de Passos Manuel, Camões e Padre António Vieira. Faleceu em 28 de Setembro de 1969, de acidente vascular cerebral.
Alberto Lopes deixou-nos dois romances (A última estação, de 1956, galardoado com o Prémio Literário Eça de Queirós, e Madrugada indecisa, de 1958) e um livro de novelas (O ninho da onça, de 1960). Preparava, à data do seu falecimento, um terceiro romance que se devia intitular A face iluminada. Deixou ainda inéditos alguns poemas. Fora do âmbito da ficção e da poesia, publicou Ceuta. Origem histórica da Expansão Portuguesa, em 1962, e Trindade Coelho. O homem e a obra, em 1969, separata de artigo publicado no boletim dos Amigos de Bragança. É um escritor de raiz rural que a longa presença em Lisboa não obliterou, antes terá estimulado. O seu gosto pelos temas sociais no cenário do Alto Douro aproxima-o do Neo-Realismo. Alguns críticos viram na sua obra influência dos romancistas da América rural da primeira metade do séc. XX, pensando certamente em Erskine Caldwell ou John Steinbeck; outros preferem ver a influência de Albert Camus. Dotado de um talento natural de contador de histórias, utiliza frequentemente uma técnica à base de pequenos quadros e episódios, aparentemente desconexos, a partir dos quais vai urdindo a teia romanesca. À sua escrita não falta a verdade local e o pitoresco da oralidade e do uso do regionalismo.
A morte prematura aos 42 anos de idade impediu-o de levar mais longe as suas reais qualidades de escritor.

Estamos perante o primeiro escritor do Ciclo "Os Contistas da Ruralidade Trasmontana e Alto-Duriense" em que não detectámos, pelo menos de forma explícita, qualquer referência a Vila Real (cidade e concelho que sabemos que conhecia e naturalmente visitava), independentemente de os seus romances e novelas decorrerem em ambiente trasmontano e alto-duriense.
No entanto, Alberto Lopes publicou no n.º 442 do Boletim Geral do Ultramar, (editado igualmente em separata pela Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1962), um artigo intitulado Ceuta. Origem histórica da Expansão Portuguesa, que constitui para nós, por assim dizer, a ponte com Vila Real, já que evoca D. Pedro de Meneses e seu filho D. Duarte, futuros donatários de Vila Real, que ficariam a comandar, à frente de 2.500 homens, em circunstâncias da maior adversidade, a praça de Ceuta, e as gentes da comarca de Trás-os-Montes que participaram no assalto e conquista daquela praça.A Casa de Vila Real, também conhecida por Casa dos Marqueses de Vila Real, descendentes de D. Pedro de Meneses, proporcionou a Vila Real, durante mais de dois séculos, uma prosperidade e uma importância política que ficaram para sempre ligados à história desta terra.

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